Informática e telecomunicações unidas para o desenvolvimento tecnológico e social do setor de saúde. A promessa da telemedicina, que possibilita desde o tratamento e acompanhamento médico até a educação a distância (EAD) de pacientes e de profissionais, reflete na redução de custos operacionais e eficiência no atendimento em hospitais, clínicas e planos de saúde.
O conceito é bastante abrangente. Entende-se por telemedicina qualquer tipo de aplicação da área médica que utiliza uma infra-estrutura de telecomunicação para transmissão de dados. De acordo com Chao Lung Wen, professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), essas informações são utilizadas basicamente para medidas assistencialistas e preventivas, que vão desde um simples esclarecimento de dúvidas pelo telefone até o atendimento médico em um local com poucos recursos, em que a segunda opinião de um especialista por videoconferência representa um diferencial.
Para os hospitais, o uso da telemedicina pode acarretar na redução dos custos operacionais e no aumento da eficiência e rapidez dos diagnósticos. “Com a digitalização dos exames, por exemplo, o médico pode ter acesso, pela web, às imagens traçando rapidamente o diagnóstico”, afirma Luiz Carlos Suart Junior, gerente de Tecnologia da Informação do Hospital Nove de Julho.
De acordo com Wen a área de telemedicina da FMUSP desenvolveu ferramentas para auxiliar na educação continuada dos profissionais e para permitir o intercâmbio de experiências. Segundo ele, o uso desses recursos impulsiona a redução dos gastos, já que um funcionário bem-treinado não causará perda indevida de material, por exemplo.
Outro segmento que pode ser beneficiado pelo uso da telemedicina é o de operadoras de planos de saúde, que constantemente entram em conflito com seus clientes por aumentos considerados abusivos e em função de período de carência extenso para alguns serviços mais complexos. “A educação a distância se aplica na conscientização dos pacientes, além de auxiliar no treinamento de funcionários como enfermeiras e assistentes para um melhor desempenho de suas funções”, ressalta Wen.
O compartilhamento de informações do paciente talvez seja um dos maiores ganhos trazidos pela telemedicina. O chamado Prontuário Eletrônico permite o acesso ao histórico do paciente evitando gastos desnecessários, por exemplo, com a repetição de exames já realizados. Dessa forma, se um paciente precisa dar continuidade ao tratamento com outro médico, este terá acesso a todas as informações do paciente, consultando os exames e conhecendo as providências que já foram tomadas. Além disso, os dados gerados apóiam estudos, ajudando os centros de pesquisa a desenvolver novos tratamentos.
Recentemente, um programa coordenado pela Faculdade de Medicina da USP recebeu apoio do governo federal por meio de recursos do CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. O projeto ”Estação Digital Médica - Estratégia de Implementação e Ampliação da Telemedicina no Brasil” receberá quase 5 milhões de reais nos próximos três anos. “Além disso, nos próximos cinco anos o Brasil irá regulamentar muitas das atividades de telemedicina, tornando mais fácil o trabalho de desenvolvimento de novas aplicações”, conclui o professor.
Fonte: Decision Report