Adultos idosos que consomem de uma a sete doses de bebida alcoólica por semana podem viver mais e com menor risco de problemas cardíacos que os que não bebem - e que os que bebem demais. Essa correlação aparece independentemente dos efeitos antiinflamatórios do álcool, de acordo com estudo publicado na edição desta terça-feira dos Archives of Internal Medicine.
O álcool pode agravar algumas doenças crônicas e o efeito global do consumo de álcool na taxa de sobrevivência é incerto, alertam os autores do estudo. No entanto, sabe-se que o consumo leve ou moderado de álcool reduz os níveis de proteína C-reativa e de interleucina-6, compostos que circulam no sangue quando ocorre inflamação.
A médica Cinzia Maraldi e colegas investigaram a relação entre álcool, morte e eventos cardíacos - como internação por ataque cardíaco, dor no peito e falha cardíaca - em 2.487 adultos sem doença do coração, com idade entre 70 e 79 anos. Os participantes, 55% dos quais, mulheres, responderam a um questionário sobre doenças, uso de remédios e hábitos de bebida.
Os voluntários foram classificados pelo número de drinques consumidos, semanalmente, ao longo do ano anterior ao início do trabalho. As categorias foram: nunca ou ocasional (menos de uma dose por semana); leve ou moderado (uma a sete); e pesado (mais de sete). Durante o estudo, cada indivíduo fez exame de sangue.
Quase metade dos participantes estava na categoria nunca ou ocasional. Durante um acompanhamento de mais de 5 anos, 397 dos voluntários morreram e 383 tiveram um evento cardíaco. Comparados com bebedores ocasionais, os que bebiam de forma leve ou moderada tiveram 26% menos chance de morte e quase 30% menos chance de evento cardíaco, mesmo depois de eliminado o efeito antiinflamatório do álcool.
Em contraste, os bebedores pesados tiveram mais chance de morrer ou sofrer evento cardíaco que os abstêmios ou bebedores ocasionais.
Mas os efeitos benéficos do álcool podem não funcionar para todos, alertam os autores do estudo. "O benefício líquido do consumo moderado... pode variar em função do sexo, etnia ou risco cardiovascular pré-existente", dizem.
Fonte: Estadao