A Federação Mundial de Cardiologia (FMC) e a Sociedade Européia de Cardiologia (ESC) alertaram hoje, em Genebra, para o aumento do impacto das doenças cardiovasculares na população e solicitaram sua inclusão na agenda de todos os Governos.
Nas vésperas do Congresso Mundial de Cardiologia em Barcelona, que será realizado de 2 a 6 de setembro, as duas organizações destacaram a necessidade de as autoridades de todo o mundo adquirirem consciência da crescente "ameaça" desse tipo de doença.
"A prioridade dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio devem continuar sendo a aids e a malária, mas as doenças cardiovasculares e outros males crônicos também precisam ser abrangidos ativamente", afirmou o presidente da FMC, Valentín Fuster, em comunicado.
Na opinião do cardiologista espanhol, "os Governos necessitam adotar urgentemente uma política mais organizada, estratégica e multisetorial, apoiada por uma pesquisa sólida" que venha a frear a crescente incidência desse tipo de problema.
As doenças cardiovasculares são responsáveis por 30% das mortes que ocorrem a cada ano, uma percentagem que corresponde a 17,5 milhões de pessoas. Entre as mulheres da maioria dos países em desenvolvimento, esse número é quatro vezes superior às mortes registradas durante o parto ou como conseqüência da aids.
Para Fuster, a falta de reconhecimento em relação a esse fato limita o investimento em pesquisa, programas e políticas de combate, o que afeta negativamente às economias em desenvolvimento e gera "milhões de mortes prematuras".
Segundo o estudo internacional Interheart, apresentado em agosto de 2004, existem nove fatores, entre eles o tabagismo e a hipertensão, que permitem prever o risco de infarto em 90% dos casos.
No entanto, tendências gerais como o estilo de vida urbano, as mudanças nos hábitos alimentares e a falta de atividade física ajudam a explicar o aumento do impacto das doenças do coração entre a população.
Como exemplo, as duas organizações citam o caso da Índia, onde cinco milhões de pessoas morrem a cada ano por doenças cardiovasculares e 28% dessas ocorrências ocorrem entre pessoas com menos de 65 anos.
A FMC, ONG com sede em Genebra, afirma que "o compromisso de melhorar a vida dos mais pobres, expressado na Declaração do Milênio, não poderá ser cumprido sem incluir este tipo de doença, que mata milhões de pessoas no mundo todo".
Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio são o conjunto de metas que os chefes de Estado dos países-membros da ONU assumiram na Cúpula do Milênio, realizada em Nova York em 2000, para melhorar a qualidade de vida dos mais necessitados.
Fonte: Agência EFE