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02/07/2007
Pílula antibarriga vem ao Brasil

Bastou a aprovação do registro de Acomplia pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no dia 26 abril para que gordinhos e obesos brasileiros começassem a sonhar com o medicamento que tem a fama de reduzir índices de glicemia e colesterol, além de diminuir a circunferência abdominal em cerca de 8 cm.

É a pílula antibarriga – remédio cujo princípio ativo é o rimonabanto –, sucesso em toda a Europa (lá, é vendido desde junho do ano passado) e que deve chegar às prateleiras brasileiras em 60 dias. Tem gente que nem agüentou esperar e já importa o medicamento nada barato (190 euros, aproximadamente R$ 500 a caixa com 28 comprimidos), q ue sem valor definido no Brasil.

Desenvolvido pelo laboratório francês Sanofi-Aventis (que estuda o remédio há dois anos), o medicamento é indicado como auxiliar à dieta e aos exercícios para o tratamento de pacientes obesos (índice de massa corpórea maior ou igual a 30) ou pacientes com sobrepeso (IMC maior do que 27), mas com fatores de risco associados, como diabetes tipo 2 e dislipidemia, aumento de colesterol e triglicérides.

O Acomplia é primeira droga a atuar nos fatores que governam o apetite, o metabolismo e o uso da energia. De acordo com a assessoria de imprensa do Sanofi-Aventis, o medicamento age bloqueando de maneira seletiva os receptores CB1 presentes no cérebro e nos órgãos periféricos que interferem no metabolismo da glicose e lipídios (ou gorduras) – incluindo o tecido adiposo, o fígado, as vias digestivas e os músculos.

Ao bloquear os receptores CB1, o rimonabanto diminui a hiperativação do sistema endocanabinóide, que governa o apetite e afeta o acúmulo e o equilíbrio de calorias, o metabolismo e o peso do corpo.

A aprovação do registro está fundamentada nos dados de eficácia e segurança do remédio – confirmados principalmente pelos resultados do programa de estudos clínicos que mostraram que apenas uma dose diária de 20mg de Acomplia permite reduzir, de maneira significativa, o peso e a circunferência abdominal, os índices de hemoglobina glicada e de triglicerídeos, bem como elevar as taxas do bom colesterol no organismo.

Contudo, náuseas, alteração do humor, depressão, ansiedade e vertigens estão entre os efeitos colaterais.

Pesquisa reúne 6,6 mil obesos no mundo Participaram dos estudos clínicos do rimonabanto 6,6 mil pacientes em todo o mundo – 4,5 mil foram acompanhados por até dois anos.

A bula aprovada na Europa especifica que cerca de 50% das melhorias observadas nas taxas de diabetes, colesterol e triglicérides foi algo independente da perda de peso obtida.

Segundo Jean-François Dehecq, presidente do Sanofi-Aventis, terceiro maior grupo da indústria farmacêutica no mundo e o número 1 na Europa, o objetivo do Acomplia é melhorar os múltiplos fatores de risco dos pacientes obesos.

Os pacientes que apresentam obesidade abdominal (medida da circunferência da cintura elevada) com diabetes ou dislipidemia serão os maiores beneficiados por esse medicamento. Cerca da metade da população adulta com cintura abdominal elevada (94 cm para os homens e 80 cm para as mulheres) acumula pelos menos três outros fatores de risco, que colaboram para aumentar o risco cardiometabólico.

Pai da dieta dos pontos aprova o medicamento Fundador da Abeso (Associação Brasileira de Estudos da Obesidade), o endocrinologista Alfred Halpern foi um dos médicos escolhidos no Brasil para estudar os efeitos da pílula antibarriga.

Livre docente da USP (Universidade de São Paulo) e autor de quatro livros para médicos e sete para leigos (incluindo “Desta vez eu emagreço” e “Pontos para o gordo”, que contém a famosa dieta), Halpern já utiliza o medicamento no consultório há oito meses, pouco tempo depois de iniciar os estudos no Hospital das Clínicas, na Capital, onde é chefe do grupo de obesidade e síndrome metabólica.

“A atuação do rimonabanto é revolucionária, sim. É um outro mecanismo efetivo contra os distúrbios da obesidade”, revela, por telefone, ao BOM DIA.

Segundo Halpern, o medicamento não age diretamente no sistema nervoso como as anfetaminas e demais remédios para emagrecer. Mas ansiedade e depressão podem ser efeitos colaterais – recentemente, médicos dos Estados Unidos chegaram a sugerir que o Acomplia seja proibido pela possibilidade de ele estimular o suicídio no paciente.

Halpern reafirma os pontos positivos e comemora o medicamento. “Em 12 dias é possível perceber o efeito na balança e nos exames de sangue”, diz. Mas pondera que, como todo remédio, a pílula antibarriga precisa de prescrição e acompanhamento médico, além da dieta e de uma rotina de exercícios.

Entretanto, faz questão de salientar que o remédio é apenas indicado para quem é obeso ou tem sobrepeso com doenças coadjuvantes.

“Acomplia não é para quem quer tirar uma gordurinha localizada ou emagrecer dois, três quilos. Escreva isso, viu?”, ordena, em tom professoral.

Em contrapartida, os portadores das grandes “barrigas de cerveja” têm indicação para o medicamento, principalmente por conta dos riscos cardíacos que essa gordura localizada, que não é depósito de cevada, oferece.

Halpern confirma que seus pacientes têm perdido, em média, de 8 a 10 cm de diâmetro abdominal num período de seis meses.

“Os resultados são bastante satisfatórios nos pacientes com diabetes, mas vale ressaltar que o tratamento é para o resto da vida. Parou de tomar o medicamento e não tomou cuidado, os problemas voltam.”

Cardiologistas também comemoram “Muitos aspectos importantes ainda estão por ser descobertos, mas os avanços até o momento já proporcionaram, sim, uma verdadeira revolução”, avalia o cardiologista Álvaro Avezum, do Instituto de Cardiologia Dante Pazzanese, em São Paulo, em comentário à Associação Brasileira de Cardiologia.

“Se todos os brasileiros tivessem a cintura na medida ideal (94 cm para os homens e 80 cm para as mulheres), o número de infartos no país cairia 45%”, aponta.

Nesse sentido, uma barriga em forma ou um cintura fina não é apenas questão de vaidade, mas sim um preocupação médica com a saúde pública – e o rimonabanto tem ajudado neste processo.

“Em média, após um ano de tratamento o paciente registra uma perda média de oito quilos.”

Como a melhora nas taxas de gordura e açúcar no sangue são sensíveis, a pressão arterial também passa a se estabilizar.

Orkut aponta golpes e mercado paralelo Oficialmente, o Acomplia não chegou ao Brasil. Mas já invadiu o Orkut, ganhou comunidades e gente que comemora sucessos e lamenta ter entrado numa fria com espertalhões que resolveram oferecer o medicamento importado ou manipulado.

Ao invés de consultar o site de relacionamentos, o ideal é um procurar um médico de sua confiança para que ele lhe possa passar informações mais precisas.

Fonte: Bom dia Bauru

 




 

 

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