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11/09/2007
Kit doméstico permitirá monitorar colesterol

Um amplo levantamento mundial realizado em 2006 mostrou que a grande maioria das pessoas não conhece os fatores de risco para doenças do coração. No Brasil, oito em cada dez pacientes diagnosticadas com colesterol alto não imaginam que esse é um fator que pode levar a um ataque cardíaco. Um quinto deles sequer associa o colesterol alto a qualquer doença cardiovascular. Diante desse cenário, o engenheiro químico Tito Lívio Moitinho Alves, professor do Programa de Engenharia Química da Coppe/UFRJ e sócio da Engene Tech Farmacêutica e Ltda., empresa integrante do Pólo de Biotecnologia da Fundação BioRio, situada na Cidade Universitária da Universidade Federal do Rio de Janeiro, está desenvolvendo, com apoio do edital Rio Inovação II, um kit doméstico, de baixo custo, capaz de detectar os níveis de colesterol no sangue. De forma fácil, rápida e acurada, qualquer pessoa poderá ver a quantas anda sua taxa de colesterol e, de acordo com o resultado, procurar um médico. O método também terá uma versão clínica, para ser usada nos testes de colesterolemia em laboratórios. Pelas previsões da empresa, ambos deverão estar prontos em 2008.

"Nossa proposta é fazer um kit que dispense o uso de aparelho de medição, o que encareceria seu preço. O exame é feito impregnando-se uma tira reagente com uma gota de sangue capilar. De acordo com a coloração que se formar na tira, o paciente saberá se a concentração de colesterol está alta ou baixa", explica Tito Lívio. Para isso, as tiras são preparadas segundo uma combinação de reagentes que possibilite maior sensibilidade, estabilidade e resolução de cor para facilitar a visualização do resultado. Enquanto o kit clínico será composto por frascos com soluções reagentes, solução padrão de colesterol e manual de instruções, o doméstico terá as tiras reagentes (em pacotes de duas ou dez), embalagem com padrão de cores, instruções de uso e lanceta opcional.

Será também a primeira vez em que serão produzidas as enzimas no país. "Começamos a produzir e a purificar peroxidase, colesterol oxidase e colesterol esterase. Assim, passamos a dominar mais uma tecnologia de produção, deixamos de importar este tipo de matéria-prima e conseguimos controlar a qualidade dessas enzimas durante todo o processo", explica. Com isso, a Engene Tech reduz seus custos e ainda produz material que, por si só, pode ser comercializado para outras empresas, como laboratórios e clínicas, com diversas finalidades: desde o emprego em outros kits (dosagem de glicose, dosagem de lactato, de HDL e LDL), ao uso em tratamento de efluentes e em controle de pragas na agricultura.

Para dosar o colesterol é necessário empregar enzimas que atuam sobre as diferentes formas em que o colesterol se apresenta: livre ou esterificado. "A enzima colesterol esterase atua sobre o éster de colesterol liberando o colesterol livre. A enzima colesterol oxidase promove a oxidação da forma livre de colesterol, o que resulta em peróxido de hidrogênio. A atuação da enzima peroxidase sobre esse peróxido e reagentes adequados forma cor, cuja intensidade é proporcional à concentração do colesterol total", explica. Essas enzimas são produzidas por bactérias cultivadas em meio líquido, isoladas e purificadas.

O desenvolvimento dos produtos está dividido em três etapas: processo para criar os métodos de produção dos insumos biológicos; formulação de kit clínico de diagnóstico; formulação das tiras reagentes e montagem dos dois kits. Essas etapas estão sendo conduzidas simultaneamente. Embora as duas últimas etapas tenham começado a ser executadas com uso de enzimas comerciais, à medida que a produção própria estiver otimizada e validada, elas passam a ser realizadas com a matéria-prima da própria empresa. "Isso deve acontecer no ano que vem. Para validar os resultados, faremos convênio com um hospital para efetuarmos os testes em um universo amplo de amostras", planeja o pesquisador.

Para Tito Lívio, a produção do kit de dosagem de colesterol representa uma contribuição importante na área de biotecnologia farmacêutica, pois todas as etapas fundamentais do processo serão conduzidas com tecnologia própria, o que representa uma importante e estratégica independência tecnológica. "Isso nos capacitará a desenvolver outras tecnologias e assim garantir à sociedade brasileira acesso a dispositivos modernos, simples e eficazes, capazes de contribuir para melhorar a saúde e o bem-estar da população", diz.

Para se ter uma idéia, um aparelho de medição de glicose para uso doméstico, deve estar hoje em torno dos R$ 80, enquanto aparelho similar para monitorar colesterol, importado, deve custar quatro vezes mais. Como comparação, o kit da Engene Tech deve custar algo entre R$12, R$ 13 (duas tiras reagentes), ou R$ 15, com a lanceta. Hoje, esse tipo de exame só é feito em clínicas, com pedido médico. Mas num país como o nosso, carente de assistência médica, especialmente no controle e monitoramento de doenças, é importante estender essa possibilidade de exame preventivo a faixas mais amplas da população", espera o pesquisador. Com o kit como parte de uma medicina preventiva, ele acredita contribuir para uma significativa redução dos custos de internações e assistência médica.

"No momento, estamos testando de 20 a 30 reagentes, para selecionar os que mostrem maior desempenho de visibilidade na fita", fala. Esta fase, segundo acredita Tito Lívio, deve estar concluída até o final do ano.

Criada em 1999 para fabricar e comercializar medicamentos para uso humano, com a implantação da legislação dos genéricos, a empresa precisou readaptar-se. Procurando inserir-se no mercado com independência tecnológica, ela voltou seu foco para a formulação e produção de proteínas para aplicação farmacêutica. Para isso, desenvolveu tecnologia própria de isolamento e purificação das enzimas, amplamente utilizadas em kits de diagnóstico.

"O colesterol é um indicador bioquímico diretamente relacionado a doenças cardíacas, como arteriosclerose, acidente vascular encefálico, infarto agudo do miocárdio e circulatórias, que atingiram proporções epidêmicas no mundo ocidental. Embora seja um problema mais comum em obesos, há estudos que registram altos índices de colesterol em jovens e adultos magros, por herança genética ou alimentação rica em gordura, vida sedentária, e até mesmo em crianças", explica. Por ser inicialmente assintomático, o recomendável é que todos, incluindo as crianças, se submetam a exames de sangue periódicos, para acompanhar os níveis de colesterol no sangue. "Neste sentido, um teste doméstico de dosagem de colesterol, acessível à população, é uma solução atraente e viável", conclui.

Fonte: Revista Fator

 




 

 

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