O tratamento ideal de um paciente com sintomas típicos de um infarto agudo do coração inclui a confirmação do diagnóstico e a realização de uma angiografia (estudo radiológico através de um cateter que injeta contraste nas artérias que alimentam o coração, determinando onde está a obstrução).
O passo seguinte é uma angioplastia, reabertura da artéria coronariana onde na grande maioria dos casos é colocado um stent, que funciona como um molde para impedir que a artéria se feche novamente. O tratamento se complementa com a utilização de medicamentos que atuam sobre a coagulação, diminuindo a atuação das plaquetas.
A aspirina foi a primeira a ser usada, trazendo uma diminuição significativa na reincidência dos infartos. A associação da aspirina com outra medicação, que atua diretamente sobre as plaquetas, o clopidogrel, dobrou essa diminuição, reduzindo praticamente pela metade o risco de recorrência das isquemias nos pacientes tratados com angioplastia e colocação de stents.
Uma nova substância capaz de diminuir mais ainda a incidência de complicações vasculares nos pacientes pós-angioplastia, com stent, foi apresentada neste domingo (4) no Congresso da Associação Americana do Coração, em Orlando, nos Estados Unidos. O prasugrel foi comparado ao clopidogrel em um grupo de mais de treze mil pacientes, submetidos a angioplastia por causa de doença coronariana aguda. O grupo fo acompanhados durante um período de um ano em média.
A nova droga diminuiu em 19% a mortalidade cardiovascular, incluindo infartos do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais. Quando se avaliou o número de infartos especificamente o resultado foi favorável com 24% de redução de risco.
Entretanto, o novo tratamento vem causando preocupação nos pesquisadores, pois houve um aumento de pacientes que apresentaram problemas hemorrágicos. Como a droga atua bloqueando a ação das plaquetas de forma mais intensa o risco de sangramentos aumentou em 32% naqueles que receberam o prasugrel.
Essa constatação reduz o número de pacientes que poderão se beneficiar com a nova descoberta, já que indivíduos com acidentes vasculares prévios, mesmo que transitórios, foram excluídos da pesquisa por precaução. A exclusão desses pacientes serve para demonstrar como alguns medicamentos, que apresentaram resultados promissores em estudos científicos, quando utilizados no “mundo real” do tratamento diário, têm efeitos até mesmo desastrosos.
O resultado da pesquisa está publicado na edição on-line da revista "The New England Journal of Medicine".
Fonte: Globo.com