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25/10/2007
Boas novas para o coração

Células novas são "criadas" para substituir as que morreram ©Pornchai Kittiwongsakul/AFP Nos últimos dois anos, dezenas de estudos, alguns preliminares, outros com metodologia mais sólida, foram divulgados nos meios de comunicação médica. Muitos com entusiasmo e grande expectativa dos especialistas. A mídia leiga divulgou, e continua divulgando, esses achados que podem ajudar muitos pacientes acometidos de doença cardiovascular. O conceito é atraente, sem dúvida. Basicamente, com a progressão da aterosclerose coronária (obstrução das artérias do coração por placas de gordura), o fluxo de sangue começa a diminuir para o músculo cardíaco. Em um determinado momento, a nutrição e a oxigenação de uma parte do coração torna-se tão deficitária que as células desta área sofrem. E eventualmente “morrem”. Ocorre então o chamado infarto. Neste local, o músculo cardíaco apresenta dano grave, e pode ser perdida a função normal do coração.

Até recentemente, o cuidado médico concentrava-se em limitar o dano. Medidas emergenciais, como a desobstrução rápida da artéria afetada, quer seja por medicamentos ou por cateterismo e angioplastia, ou até por cirurgias como pontes de safena, visam restabelecer o fluxo de sangue para o músculo em sofrimento. Evita-se, assim, a destruição dessa área e recupera-se a função cardíaca. Por outro lado, mesmo que algumas células não suportem a falta de oxigenação e “morram”, o médico luta para reduzir a quantidade de músculo cardíaco perdido. Ao final do período de tratamento, o cardiologista avalia o volume de músculo perdido, e começa então a fase de readaptar o remanescente do órgão. Melhora a capacidade do coração saudável em compensar a área sem função.

A tecnologia das células-tronco trouxe a possibilidade de “criar” células cardíacas novas, substituindo as que morreram. Desta maneira, surge a perspectiva de restabelecer função cardíaca em área antes considerada inútil para sempre. Nos meios médicos, os resultados são considerados promissores, mas ainda experimentais. Alguns especialistas duvidam do entusiasmo e da aplicabilidade dessa tecnologia na rotina clínica. Um estudo publicado na revista Journal of the American College of Cardiology há poucos dias poderá, eventualmente, estabelecer uma base para orientar cientistas e pesquisadores para o caminho futuro. E para as eventuais vantagens.

Na Universidade da Virgínia, nos EUA, o doutor M. J. Lipinski e seus colaboradores avaliaram o impacto real da terapia celular, com emprego de células-tronco injetadas dentro das artérias do coração de 698 pacientes que recentemente sofreram infarto agudo do miocárdio. A escolha do tipo de tratamento, com ou sem a injeção das células-tronco, foi aleatória. Os pacientes foram acompanhados por mais de seis meses após o procedimento. O grupo que recebeu, além do tratamento rotineiro, células-tronco, apresentou melhora significativa da função do músculo cardíaco, assim como redução nítida da área inativa do coração. Ao mesmo tempo, esse grupo de pacientes demonstrou melhor evolução pós-infarto, com diminuição do risco de outras crises.

Avaliando esses resultados, a doutora Valéria Bezerra Carvalho, professora livre-docente de Cardiologia da USP e Coordenadora da Terapia Celular do Núcleo Avançado de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, afirmou que a experiência atual de seu grupo com células-tronco demonstrou “um aumento claro, mesmo que ainda modesto, na função cardíaca, associado à melhora significativa na qualidade de vida e na capacidade de trabalho e de esforço dos pacientes”. A pesquisadora alerta, por outro lado, que “os resultados ainda são preliminares, e o acompanhamento, relativamente curto para se julgar definitivamente o benefício clínico real. Mas os resultados mostram-se promissores”. A doutora Valéria acabou de viajar para Orlando, nos EUA, para uma importante reunião dedicada às pesquisas de célula-tronco em cardiologia.

Fonte: Carta Capital

 




 

 

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