BUENOS AIRES - Uma técnica desenvolvida por médicos argentinos e franceses permite reparar áreas mortas do coração com células dos próprios pacientes, melhorando sua qualidade de vida, informou nesta quarta-feira o jornal "La Nación".
"Esse tratamento permite que um tecido morto se transforme em um tecido vivo", disse o cirurgião cardiologista argentino Juan Chachques, entrevistado pelo jornal em seu consultório no Hospital George Pompidou, em Paris.
Os pacientes que foram tratados com esse procedimento - que combina técnicas de biologia celular com cirurgia cardíaca - aumentaram sua capacidade de fazer atividades físicas, destacou.
O tratamento consiste em extrair células-tronco da medula óssea dos pacientes e injetar uma parte na área do coração lesionada por infarto, enquanto outra parte é implantada com um "remendo" de colágeno bovino.
Até agora o tratamento foi aplicado com sucesso em vinte pacientes do Hospital Presidente Perón, na periferia de Buenos Aires, dentro de uma pesquisa chamada Magnum (Myocardial Assistance by Grafting a New Upgraded Bioartificial Myocardium).
A revista especializada "Cell Trasplantation" acaba de publicar os resultados obtidos em quinze pacientes.
"São casos de pacientes com insuficiência cardíaca, muito comprometidos, que não eram candidatos a transplante de coração e que não respondiam mais aos tratamentos médicos", explicou o médico argentino Jorge Trainini.
"Os pacientes foram submetidos a uma cirurgia de 'bypass' nas áreas do coração onde era possível recuperar a circulação sangüínea, enquanto que nas áreas mortas, onde sabíamos que não era possível conseguir resultados, usamos esse tratamento complementar", acrescentou.
Os "remendos" de colágeno bovino com células-tronco são indicados para o tratamento de hemorragias cardíacas, mas o tratamento combinado com a biologia celular e a cirurgia permitiu "resultados superiores onde apenas células-tronco eram empregadas", disse Trainini, que trabalha no Hospital Presidente Perón.
Chachques afirmou que o "tratamento celular ou autotransplante de células-tronco" é um tratamento que já tinha sido testado por médicos de vários países para regenerar o tecido danificado por infartos.
Entretanto, o resultado obtido com essa técnica "isolada" foi "um pouco decepcionante", porque "há uma grande mortandade" de células-tronco quando elas são extraídas e depois injetadas no coração, destacou.
"Somente de 10% a 20% das células consegue sobreviver", comentou o médico do Hospital George Pompidou ao explicar as vantagens do tratamento combinado desenvolvido com profissionais franceses.
FONTE: O Globo