A prática de esportes vem crescendo em um ritmo constante nas últimas décadas onde se busca inclusive melhorar a qualidade de vida e, da mesma forma, o número de lesões relacionadas com esportes. Segundo a fisioterapeuta Ana Paula Fernandes de Angelis Rubira, coordenadora da Clínica de Fisioterapia da Faculdade São Lucas, lesões musculares ocorrem mais frequentemente nos esportes, com uma incidência variando de 10% a 55% de todas as lesões encontradas, podendo ser causadas por contusão, distensão e laceração.
Nos esportes, conforme observou a fisioterapeuta da Faculdade São Lucas, as lacerações são muito incomuns, e as distensões e contusões representam, segundo alguns estudos, mais de 90% das lesões musculares. "Os músculos, os tendões e os ligamentos rompem-se quando são submetidos a esforços superiores à sua força intrínseca, podendo lesionar-se se forem demasiado fracos ou rígidos para o exercício que se pratica", disse Ana Paula Rubira. Ela acrescentou que as articulações são mais propensas às lesões quando os músculos e os ligamentos que as sustentam são fracos, como acontece depois de uma entorse. "Os ossos enfraquecidos pela osteoporose podem fraturar-se facilmente", alerta.
De acordo com Ana Paula Fernandes Rubira, muitas pessoas praticam esportes mesmo sem acompanhamento ou indicação de profissional capacitado, e muitas vezes sem saber se estão aptas à essa prática, o que pode levar a problemas graves, incluindo sobrecarga e exaustão cardíaca. Segundo ela, os exercícios de fortalecimento ajudam a prevenir as lesões, enquanto o exercício regular não aumenta nem reforça a musculatura de forma significativa. "O único modo de fortalecer os músculos é exercitá-los contra uma maior resistência, de forma progressiva, como praticar um desporto cada vez mais intenso, levantar pesos cada vez maiores ou usar máquinas especiais de fortalecimento", salienta a especialista.
Os exercícios de alongamento não parecem prevenir as lesões, mas alongam os músculos de tal forma que se podem contrair com maior eficácia. Para evitar lesões musculares, a fisioterapeuta recomenda que o alongamento deve ser feito depois do aquecimento ou do exercício. "O aquecimento antes de iniciar exercícios extenuantes ajuda à prevenção das lesões", observa. Exercitar-se com passo calmo durante 3 a 10 minutos aquece os músculos o suficiente para torná-los mais flexíveis e resistentes às lesões. Este método ativo de aquecimento prepara os músculos para exercícios com maior eficácia que os métodos passivos como a água quente e as almofadas de calor. Os métodos passivos não aumentam a circulação de sangue de modo significativo.
Ana Paula Rubira alerta que uma lesão causada pelo desporto deve-se a métodos de treinamento incorretos, anomalias estruturais que forçam certas partes do corpo mais do que outras e ainda fraqueza dos músculos, tendões e ligamentos. "O desgaste crônico é a causa de muitas destas lesões, que são resultado de movimentos repentinos que afetam tecidos susceptíveis", adverte. Em casos de lesões desportivas, a fisioterapeuta orienta que se deve permitir uma recuperação adequada, tendo em vista que a maioria das pessoas não interrompe o exercício quando aparece a dor.
Segundo a fisioterapeuta da Faculdade São Lucas, a dor que precede muitas lesões por desgaste apresenta-se pela primeira vez quando um número limitado de fibras do músculo ou do tendão começa a lacerar-se. "Interromper o exercício ao primeiro sinal de dor limita a lesão a essas fibras e teremos como resultado uma recuperação mais rápida. Continuar a fazer exercício enquanto se sente dor provoca a laceração de uma maior quantidade de fibras, estendendo a lesão e atrasando a recuperação", pondera.
O tratamento fisioterapêutico imediato para quase todas as lesões do desporto consiste em repouso, gelo, compressão e elevação, de acordo com Ana Paula Rubira. "A parte lesada é imediatamente imobilizada para minimizar a efusão articular e evitar que a lesão piore, enquanto a aplicação de gelo faz com que os vasos sanguíneos se contraiam, ajudando a limitar a inflamação e a reduzir a dor", salienta. Ana Paula acrescenta que a aplicação demasiado prolongada de gelo pode lesar os tecidos, afinal o gelo queima se não for aplicado adequadamente. "O gelo acalma a dor e o inchaço porque a parte lesionada incha e o líquido sai dos vasos sanguíneos, enquanto a aplicação de frio reduz essa tendência do líquido. Deste modo restringe-se a quantidade de líquido e o inchaço da parte lesionada. Diminuindo a temperatura da pele sobre a lesão, pode-se reduzir a dor e os espasmos musculares", esclarece. Segundo a fisioterapeuta, o gelo também limita a destruição dos tecidos mediante a diminuição da velocidade dos processos celulares.
Ana Paula Rubira orienta que a atividade ou o desporto que causou a lesão devem ser evitados até à recuperação total da lesão. Ela diz que a substituição por atividades que não forcem a zona lesionada é preferível à abstenção de toda a atividade física, pois durante a inatividade completa ocorre perda da massa muscular, da força e da resistência. "Uma semana de repouso requer pelo menos duas semanas de exercício para voltar ao nível de estado físico anterior à lesão. A substituição da imobilidade por exercícios que previnam a perda de massa muscular (atrofia), força e resistência, deve ser prescrita por profissional capacitado", complementa.
FONTE: www.rondoniagora.com