Estudo inédito feito na Suécia com 4 mil pessoas será analisado em Congresso de Cardiologia por professora da Unifesp. O trabalho constatou que a maioria das mortes de obesos mórbidos foi por infarto
É cada vez maior o número de pessoas que se submetem a cirurgia bariátrica no Brasil. Mas quais os reais benefícios desse procedimento para o coração do paciente? O tema será amplamente debatido por cardiologistas do mundo inteiro, durante o XXIX Congresso da SOCESP, no Expo Center Norte, entre os dias 1º e 3 de maio.
A professora titular de endocrinologia da Unifesp, Maria Tereza Zanella, será uma das integrantes da mesa que discutirá o tema. Ela analisar o resultado de uma pesquisa sueca que acompanhou, por dez anos, mais de 4 mil pessoas, sendo que metade se submeteu a cirurgia bariátrica e metade emagreceu por meio de dieta. "Todos os resultados comprovaram que a redução do estômago é melhor do que a dieta para o coração de quem sofre de obesidade mórbida", revela a médica.
Em média, os pacientes que se submeteram a cirurgia perderam 26% do peso inicial. Os demais perderam apenas 2%. Ao final dos dez anos, 129 pessoas que fizeram apenas dieta acabaram morrendo. Esse número foi 29% menor no grupo operado (101 mortes). "A causa mais comum das mortes foi o infarto", acrescenta Maria Tereza.
Ela lembra que a cirurgia bariátrica reduz também os fatores de risco para doenças cardiovasculares de forma significativa. "Ainda não tabulamos os dados dos estudos que estamos realizando aqui no Brasil, mas seguramente podemos afirmar que o nível de colesterol, a pressão alta e o diabetes caíram muito nos pacientes operados", completa.
A obesidade mórbida mata duas pessoas por dia no Brasil. No ano passado, aproximadamente 25 mil cirurgias para redução de estômago foram realizadas no país. Dados do Ministério da saúde revelam que nos últimos sete anos o número de procedimentos quadruplicou.
Mas os especialistas são unânimes em afirmar: a cirurgia só deve ser realizada em último caso. O ideal é recorrer a dieta e atividade física para emagrecer. Além do que, o procedimento pode trazer conseqüências negativas para algumas pessoas, como deficiência nutricional, perda de cálcio nos ossos e dificuldade de adaptação ao novo corpo.
FONTE Segs.com.br - Fonte ou Autoria é : JOSÉ ROBERTO LUCHETTI