Quando se fala em saúde, uma das doenças mais preocupantes são as ligadas ao coração. E não é por menos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) as doenças cardiovasculares (como o infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e outras) matam cerca de 17,5 milhões de pessoas no mundo por ano, sendo que 80% destas mortes ocorrem em países em desenvolvimento como o Brasil. Por isso, consultar o cardiologista regularmente e manter hábitos saudáveis são fundamentais.
Para desvendar mitos que cercam o órgão mais vital do corpo humano, os médicos da Quanta Diagnóstico Nuclear, Dr. Fábio Rocha Farias e Dr. João Vítola, esclarecem o que é verdadeiro ou falso sobre a saúde do coração.
Doença cardiovascular mata mais homens que mulheres.
Mito. Em geral, as doenças coronarianas são líderes em mortalidade tanto em homens quanto em mulheres. Mas, de acordo com dados recentes, nos Estados Unidos, quando se considera mortalidade cardiovascular, são registradas anualmente 50 mil mortes a mais em mulheres do que em homens. É verdadeiro, contudo, que as mulheres são afetadas mais tardiamente e morrem com idade mais avançada do que os homens.
Somente obesos têm problemas no coração.
Mito. A obesidade é apenas um dos fatores que fazem acelerar o processo de aterosclerose coronária, podendo aumentar a chance do indivíduo desenvolver hipertensão arterial, diabetes e doença cardíaca, mas os magros também podem ser afetados, principalmente se tiverem fatores de risco como: colesterol elevado, hipertensão arterial, diabetes tipo 1, tabagismo e história de doença coronária precoce na família.
Atletas ou pessoas que praticam exercícios regularmente estão livres de doenças cardíacas.
Mito se considerarmos como regra e verdade se considerarmos que reduz a probabilidade de aterosclerose. É verdade que a possibilidade de desenvolver doença coronária e infarto é menor nas pessoas que levam uma vida saudável, com atividade física e alimentação balanceada. Mas isso não impede que possam ter problemas cardíacos caso tenham aterosclerose acelerada precocemente, principalmente se a causa for algum defeito genético (dislipidemias familiares) ou diabetes. Os atletas, inclusive, podem já apresentar alguma cardiopatia desde o período do nascimento (origem anômala de coronária, cardiomiopatia hipertrófica, etc...), que é por vezes desconhecida devido à falta de sintomas. E, nessas situações, estão mais suscetíveis a alguns tipos de complicações precipitadas pelo esforço físico, inclusive arritmias cardíacas e em alguns casos, morte súbita.
Sedentários, desde que não obesos, estão livres de doenças do coração.
Mito. Pode-se ser sedentário e magro, mas o colesterol conhecido como ruim (LDL-C) estar elevado ou mesmo o colesterol bom (HDL-C) pode ser baixo, o que predispõe a aterosclerose coronária.
O cigarro não causa problemas cardíacos. É comum ter pessoas que fumam e passam dos 90 anos.
Mito. O cigarro é um dos maiores causadores de progressão da aterosclerose não somente nas artérias do coração, mas no cérebro, artéria aorta e dos membros inferiores. É uma questão estatística; a maior probabilidade é de terem problemas, mas alguns viverão muito tempo, apesar de fumar a vida toda. Deve-se considerar também que isso não significa ter uma vida boa, considerando as insuficiências pulmonares e a má circulação nas pernas e cérebro que podem ocorrer.
Mesmo sem nenhum fator de risco, a pessoa pode ter problemas cardíacos.
Verdade. Os problemas cardíacos não estão somente relacionados ao infarto, que é causado por obstrução das artérias do coração (coronariopatias). Existem problemas cardíacos de várias origens, como as alterações das válvulas, da própria estrutura do músculo do coração, de processos inflamatórios como as miocardites, etc... que podem causar funcionamento cardíaco reduzido (insuficiência cardíaca).
Café causa graves problemas para o coração.
Mito. Estudos sérios e reconhecidos não confirmam a hipótese de que o consumo moderado de café aumente significativamente o risco da doença de coração. Mas é verdade que o consumo exagerado de café, portanto de cafeína, pode levar ao aumento de arritmias cardíacas, que desaparecem com a diminuição do consumo.
O estresse é um vilão para o coração.
Verdade. O estresse funciona como um coadjuvante, juntamente com outros fatores de risco, e pode levar a uma probabilidade maior de doença coronária. Definimos estes indivíduos como tendo personalidade tipo A, com maior incidência também de problemas a exemplo hipertensão arterial e úlcera gástrica.
Ter um ritmo de vida mais calmo reduz a incidência de doenças cardíacas.
Verdade. A pessoa que leva a vida de forma mais tranqüila, definida como tendo personalidade tipo B, tem menor incidência de doenças cardiovasculares.
A alimentação saudável protege o coração.
Verdade. Sem dúvida, a prevenção é a melhor forma de se chegar à velhice com qualidade de vida. A alimentação saudável rica em fibras vegetais, com baixo consumo de gordura animal e carne vermelha, dando preferência por carnes brancas e peixe, também faz parte de uma estratégia de prevenção de doença cardíaca.
Fazer check-up anualmente é suficiente para evitar problemas cardíacos.
Mito. Sempre depende de cada situação. Obesidade, diabetes, história familiar, hipertensão, tabagismo, colesterol alto, estresse e sedentarismo são fatores que aumentam a chance de problemas cardíacos e devem ser levados em consideração na hora de realizar exames. Para uma pessoa de 40 anos, que não tenha sintomas e que deseja praticar esportes, um check-up cardiológico uma vez ao ano, com testes simples como o eletrocardiograma de repouso e o teste ergométrico, pode ser suficiente. No entanto, pode ser insuficiente para um paciente sedentário de 60 anos, diabético e que apresenta cansaço quando realiza esforços. Portanto, conhecimento sobre os fatores de risco e como controlá-los, uma avaliação médica adequada, bons hábitos de vida – exercícios e alimentação saudável, ainda são as melhores formas de ter uma vida mais longa e com qualidade.
Fonte: Parana Shop