Seminário científico de Cardiologia Fetal
Gestantes que realizam o pré-natal tradicional devem ficar atentas quando se submetem a exames de ultrassonografia. Alguns problemas sérios podem passar despercebidos se o profissional que realiza estes procedimentos não estiver preparado para identificar alterações no coração do feto. A importância do diagnóstico da cardiopatia congênita no feto será a principal discussão do seminário científico Cardiologia Fetal, que ocorre nesta sexta e sábado (3 e 4/4), no auditório do Hospital Cardiológico Costantini. A intenção dos organizadores é orientar e treinar os ultrassonografistas para que busquem informações e aprendam a identificar a doença cardíaca com antecedência.
O cardiopediatra Nelson Miyague, coordenador do evento, conta que 80% dos casos reais de cardiopatias escapam do diagnóstico precoce por desconhecimento e, muitas vezes, só são confirmados após o nascimento do bebê. “Dentro do útero, o número de cardiopatias é grande, mas muitas crianças poderiam ser salvas se o problema fosse identificado com antecedência na ultrassonografia”, explica. De acordo com o médico, a recomendação é que a ecocardiografia fetal seja realizada pelo menos uma vez durante a gestação, realidade compatível com a de países desenvolvidos.
Hoje, no Brasil, não há estatísticas oficiais sobre nascidos vivos com problemas cardiovasculares, mas, segundo Miyague, estima-se que o País siga a mesma proporção dos índices mundiais. A cada mil nascidos vivos no mundo, de 8 a 10 têm algum tipo de cardiopatia congênita. Destes, 35% precisam de cirurgia no primeiro mês de vida. Se não forem tratados, 50% morrem em até 30 dias. Os demais não conseguem sobreviver até completarem o primeiro ano.
Segundo o médico, a prematuridade, e suas limitações, como a baixa imunidade, é um agravante. A maioria dos bebês com doenças graves no coração perde a vida até o sétimo dia após o nascimento. “Por isso identificar a doença e até realizar alguns procedimentos quando o bebê ainda está no ventre materno é tão importante. Milhares de vidas poderão ser salvas, dependendo da complexidade do caso”, explica o médico.
Duas das principais autoridades médicas do País em cardiologia fetal estarão em Curitiba para apresentar estudos e apontar a necessidades dos profissionais que acompanham a gestação informarem-se melhor sobre o assunto. Fabio Peralta, pós-doutor em medicina fetal pela King’s College da Universidade de Londres e professor da Unicamp, é o único médico do País a realizar procedimento cardíaco intra-uterino, recomendado nos casos mais graves. Já o chefe da unidade fetal do Instituto de Cardiologia e professor adjunto de cardiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Paulo Zielinsky, é um dos pioneiros no assunto. No estado gaúcho a cardiologia fetal é a mais desenvolvida do Brasil. Vários casos ao vivo serão apresentados durante o seminário para discussão entre os participantes.
Segurança no ultrassom
A falta de formação para identificar problemas cardíacos no feto numa ultrassonografia é grave e preocupa. De acordo com Miyague, para dirimir os erros e a imprecisão nos diagnósticos, a gestante deve insistir com o profissional que realiza o exame se o coração do bebê está bem, pedir que verifique com detalhes os batimentos e a imagem. “É uma medida que não permite 100% de certeza, mas que pode ajudar a realizar o exame com mais cuidado, sem deixar passar problemas graves”, finaliza o cardiopediatra.
A maior responsabilidade para corrigir este problema, no entanto, é dos profissionais obstetras e ultrassonografistas, que devem procurar informações para que se familiarizem com a imagem e desconfiem do problema, encaminhando os pacientes para tratamento especializado antes mesmo do nascimento do bebê.
A participação no seminário Cardiologia Fetal é gratuita e dirigida a obstetras, ultrassonografistas e cardiologistas. Os conferencistas somam quatro pontos para a renovação do título de cardiologista, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia; de ginecologia e obstetrícia, pela Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Paraná; e de ultrassonografista, ginecologia e obstetrícia, pela Sociedade de Radiologia e Diagnóstico por Imagem do Paraná.
Fonte: Panashop
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