Levantamento mostra que para cada 100 mulheres infartadas, 17,9 morrem; já entre os homens, o índice é de 11,8
Apesar dos homens infartarem três vezes mais do que as mulheres, elas morrem mais e, em geral, são submetidas a menos procedimentos do que eles devido à dificuldade de distinguir os sintomas que causam o ataque cardíaco e identificar o problema – geralmente o sexo feminino associa as alterações hormonais a outras doenças, principalmente ao estresse. Um levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo mostra que, em todas as faixas etárias, o índice de morte por infarto em mulheres é superior ao dos homens. Na média, a cada 100 mulheres internadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) 17,95 morrem, enquanto entre os homens a taxa cai para 11,89.
Segundo o levantamento, a situação é semelhante em todas as faixas etárias. De 30 a 39 anos, por exemplo, a taxa de mortalidade das mulheres representa 13,33% do total de internações enquanto, nos homens, a taxa cai para 5,61%. Na faixa etária de 80 anos, o índice de morte entre o sexo feminino é de 34,82% e no sexo masculino, 27,22%.
Apesar do número de internações de mulheres por infarto ter aumentado 46% entre 1997 e 2007 (passou de 15.672 para 22.910), nos hospitais do SUS de todo o País, de acordo com pesquisa realizado pelo Instituto Nacional de Cardiologia (INC), os homens ainda são as maiores vítimas do ataque cardíaco informa o médico cardiologista do Hospital Estadual de Bauru Christiano Roberto Barros. “O que chama a atenção da doença coronariana nas mulheres é a dificuldade de diagnóstico. É difícil distinguir os sintomas que causam o infarto e geralmente quando são identificados, o diagnóstico é tardio, o que diminuem as chances de cura”, explica o especialista. “As mulheres atribuem os sintomas a uma série de outros fatores, principalmente ao estresse. Muitas vão ao médico tratar de outras doenças e nem mesmo o médico associa os sintomas ao infarto”, acrescenta Barros.
O cardiologista explica que, como as mulheres vivem mais que os homens, o número de idosas com doenças cardiovasculares é maior. A idade de maior risco para o sexo masculino é a partir de 45 anos e, para o sexo feminino, 55 anos, geralmente após a menopausa, devido à produção hormonal.
No caso do ataque cardíaco entre as mulheres jovens, na maioria das vezes essas vítimas são fumantes, hipertensas, têm alterações de colesterol e triglicérides, diabetes, estão acima do peso ou possuem histórico familiar de infarto. “Hoje a mulher participa como o homem na vida profissional competitiva e, além de ganhar espaço no mercado de trabalho, também ganhou hipertensão arterial, estresse emocional e obesidade”, revela Barros.
Além disso, as mulheres que tomam pílula anticoncepcional e associam o medicamento ao fumo tem dez vezes mais chance de infartar, afirma o cardiologista.
Sintomas
No lugar da conhecida dor no peito que irradia para os membros superiores em caso de infarto, é mais comum que a mulher sinta náusea, sensação de cansaço extremo, dor na boca do estômago, pontadas também no estômago e falta de ar. Além disso, o médico Christiano Barros explica que é possível diagnosticar a doença pela percepção de suor intenso, palpitação, dores no queixo, pescoço e costas.
Por isso, o cardioligista faz um alerta para que todas as pessoas acima de 30 anos, independente do sexo, que fumam, comem muita gordura, têm vida sedentária e ainda por cima estão acima do peso ideal, ou tenham casos de infarto na família à procurem um cardiologista para fazer o controle anual. “Essas pessoas estão expostas ao risco por si só, por isso elas devem fazer o controle. É importante ficar atento aos sintomas e aos fatores de risco para diagnosticar corretamente a doença e com maior agilidade”, afirma Barros.
Barros explica que a mudança no estilo de vida também é uma forma preventiva. “A pessoa não precisa virar uma atleta, mas caminhadas de ao menos 30 minutos, três vezes por semana, são ideais. Além disso, é importante evitar o tabagismo, que é o grande vilão da doença coronariana, controlar o peso, a hipertensão e a diabete. A alimentação também deve ser melhorada, deve ter menos gordura”, revela.
Segundo dados do Ministério da Saúde, o infarto é a segunda causa de morte entre as brasileiras. A primeira é o acidente vascular cerebral (AVC). No dia 27 de junho, a Secretaria de Estado da Saúde realizará um mutirão para detectar problemas de saúde relacionados ao coração