Especialistas alertam para os riscos do colesterol alto na infância
O colesterol alto não é um fator de risco exclusivo da população adulta. Em estudo apresentado no Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, a cardiologista Ana Paula Marte Chacra, do Incor, destacou que crianças com colesterol alto podem ter problemas cardiovasculares dez anos antes do que a média nacional, e, por isso, os pequenos com histórico familiar devem controlar o nível de gordura no sangue já a partir dos dois anos.
A incidência de colesterol elevado em crianças aumenta na mesma proporção que a obesidade infantil. Só nos Estados Unidos, 15% da população entre seis e 19 anos é considerada obesa. E as elevadas concentrações de colesterol durante a infância e adolescência se perpetuam ao longo do tempo, e estão associadas a um maior risco de doenças cardiovasculares na vida adulta.
"As alterações do perfil lipídico na infância são frequentemente associadas a hábitos de vida inadequados, além da obesidade, síndrome metabólica e diabetes tipo I e II. Menos frequente são as dislipidemias genéticas, que podem ser detectadas na infância e, se tratadas precocemente, podem reduzir o risco de complicações cardiovasculares no adulto", explica a cardiologista.
Os especialistas alertam que crianças e adolescentes que tenham parentes de primeiro grau com histórico de colesterol elevado ou de doença cardiovascular precoce, devem ter seu perfil lipídico avaliado a partir dos dois anos de idade. Essa avaliação também é recomendada para crianças com histórico familiar desconhecido ou crianças com os seguintes fatores de risco: sobrepeso, obesidade, hipertensão arterial, diabetes mellitus e tabagismo.
Caso haja necessidade de uso de remédios, os pais devem ficar atentos ao medicamento prescrito pelo médico. "A estatina, que é utilizada pelos adultos com colesterol alto, deve ser introduzida apenas nos pacientes acima de dez anos", explica Ana Paula. E, em alguns casos de dislipidemia genética, pode-se iniciar o tratamento com estatinas a partir dos oito anos.
A médica lembra ainda que, paralelo ao medicamento, os pais devem balancear a alimentação dos filhos, com muita fibra, frutas, verduras e legumes, e aumentar a atividade física diária da criança, além de mantê-las longe da fumaça do cigarro. "Os pais que fumam também estão fazendo um grande mal aos pequenos. O fumo passivo é tão prejudicial quanto o ativo", finaliza a especialista.
Fonte: boa saúde