Médico realiza primeira implantação de equipamento que avisa sobre infarto com 12 horas de antecedência
Pela primeira vez no País, foi implantado no coração de um paciente um aparelho capaz de detectar alterações sensíveis no músculo cardíaco, como falta de oxigênio, e avisar com até 12 horas de antecedência se o paciente vai ter um infarto ou uma angina, antes mesmo de sentir dor.
O procedimento aconteceu no Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, no último dia 11 de maio.
O equipamento monitora o coração 24 horas por dia, sete dias por semana, e ao detectar qualquer alteração significativa, o dispositivo interno, que se assemelha a um marca passo, vibra e um aparelho externo, que fica com o paciente, emiti um bipe. Ao ser avisado, o indivíduo tem a possibilidade de se dirigir ao hospital e ser medicado antes de ter o problema. “O primeiro sinal de que o indivíduo está com isquemia e que pode infartar é a dor. Mas ela só ocorre em torno de seis horas antes da necrose da coronária, que caracteriza o infarto. Nessa fase, já existe o sofrimento do músculo cardíaco e o risco de morte súbita é maior”, explica o diretor da clínica de Ritmologia Cardíaca do Beneficência Portuguesa de São Paulo, dr. Silas Galvão, responsável pela implantação do equipamento.
O aparelho torna viável o que até então parecia impossível, pois, segundo o cardiologista, até seis horas antes de o indivíduo sentir dor, o equipamento identifica se vai ocorrer a isquemia. “É como se fosse um eletrocardiograma feito de dentro do coração, capaz de detectar alterações muito mais precoces do que as captadas pelo eletrocardiograma convencional, de superfície”. O caso do paciente operado no Beneficência Portuguesa, o agricultor Hirosh Kuzi, de 77 anos, demonstra quando a implantação do aparelho é indicada. Segundo dr. Silvas, o paciente é um coronariano crônico e não tem condições de ser submetido a outros procedimentos como cateterismo e angioplastia, pois suas coronários não podem mais ser dilatadas. O agricultor ainda é cardiopata, diabético e já passou por duas pontes de safena para desobstrução das artérias.
O uso do aparelho é indicado para os pacientes com alto risco cardiovascular, como diabéticos e aqueles que sofreram nos últimos seis meses angina instável ou infarto.
Estima-se que no Brasil 100 mil pessoas infartam por ano, sendo que desse total, 25 mil morrem da doença. Em mulheres, diabéticos e idosos, os sintomas indicativos de um infarto são significativamente menores, o que aumenta a importância do uso do equipamento em casos específicos. Segundo uma pesquisa realizada em 1.600 hospitais americanos, uma a cada três pessoas que tem um infarto não sentem dores no peito. Com isso, o paciente demora mais para perceber que está infartando e, consequemente, demora para procurar socorro e esse atraso pode ser fatal.
Como funciona
O paciente é sedado e recebe uma anestesia no local onde será implantado o aparelho, abaixo da clavícula do lado esquerdo. É feita uma incisão e o monitor é colocado no interior do tórax. Um eletrodo é introduzido por uma veia até o coração. Por ler os impulsos elétricos do órgão é que o aparelho consegue detectar a falta de oxigênio e emitir o sinal vibratório.
Sobre o Beneficência Portuguesa de São Paulo
Maior complexo hospitalar privado da América Latina, o Beneficência Portuguesa de São Paulo é referência em várias áreas da medicina, com destaque para o departamento de cardiologia. De 2005 a 2008, por exemplo, 74% das cirurgias cardíacas pediátricas realizadas no Estado de São Paulo foram feitas no Hospital. E esses números continuam significativos: 34% dos Cateterismos e 56% das Revascuralizações do Miocárdio realizados no Estado também foram feitos no Beneficência Portuguesa de São Paulo.
A área de cardiologia se destaca ainda pelos equipamentos de última geração que compõem o centro cirúrgico e pelo histórico médico-científico do hospital, responsável pelo desenvolvimento de técnicas cirúrgicas utilizadas como referências no mundo todo.
O primeiro transplantes cardíaco heterotópico realizado com sucesso no Brasil, por exemplo, foi feito no Hospital. E no que refere as cirurgias para correções de cardiopatias congênitas, o Beneficência vai além: os médicos da instituição desenvolveram diversas técnicas como cirurgia de transposição e cirurgia de correção para anomalia de Ebstein, praticadas por profissionais de diversos paises.
Não à toa, médicos do mundo inteiro visitam a instituição afim do intercâmbio de conhecimento. O Hospital conta ainda com cursos de especialização e pós-graduação em cardiologia reconhecidos pelo MEC.
Anualmente cerca de 9.000 cirurgias cardíacas são realizadas no Beneficência Portuguesa de São Paulo.
O Hospital possui 6.000 colaboradores e 1,5 mil médicos. Atende, anualmente, cerca de 1,5 milhão de pacientes em mais de 40 especialidades médicas. Isso só é possível graças ao constante investimento em tecnologia e na modernização da estrutura. O Complexo Beneficência Portuguesa de São Paulo é composto por duas unidades - Hospital São Joaquim e Hospital São José. Possui uma área total de 143 mil metros quadrados, com 1.920 leitos, 233 destinados à UTI, 64 salas de cirurgia, moderno setor de diagnóstico, pronto-atendimento e ambulatório. Tudo isso possibilita a realização anualmente de 30 mil cirurgias e mais de 4 milhões de exames.
Fonte: Segs Portal Nacional