Programa para reduzir mortes por doenças cardiovasculares
Campinas participa da iniciativa inédita que pretende realizar um levantamento jamais feito no Brasil com 150 mil pessoas para detectar a incidência de fatores de risco para o coração
A Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo - SOCESP e as Secretarias Estadual e Municipal de Saúde de São Paulo vão promover em 27 de junho, no Dia Estadual do Coração, o I Mutirão de Avaliação de Risco Cardiovascular de São Paulo. O projeto piloto, já que será feito apenas nas cidades de São Paulo e Campinas, vai rastrear, em cerca de 150 mil pessoas, o risco cardiovascular e a incidência dos fatores de risco para doenças cardiovasculares. O estudo será ampliado para todo o Estado em 2010.
"Muito antes do mutirão, um trabalho silencioso já começou, que é conscientizar e levar informação ao médico e aos profissionais de saúde que trabalham nos postos da rede pública", adianta o Coordenador de Promoção de Saúde Cardiovascular da SOCESP e Coordenador do projeto, Álvaro Avezum. Cinquenta mil "Guias Práticos de Prevenção Cardiovascular" estão sendo distribuídos para clínicos gerais, médicos de família, ginecologistas, entre outros especialistas, já que aproximadamente 70% dos primeiros atendimentos feitos em doentes cardíacos na rede pública são realizados por não cardiologistas. "Precisamos de uma verdadeira `cruzada` para deixarmos a liderança por mortes do coração - 300 mil por ano. Em 2040, se nada for feito, a OMS estima que o Brasil se torne o primeiro do mundo nesse triste ranking", informa Avezum.
A cartilha dirigida aos médicos traz informações determinantes para reduzir a maior incidência de uma doença altamente letal, mas igualmente passível de prevenção. "De cada 10 pessoas que sofrem um infarto, três morrem em casa ou durante o caminho para o hospital, uma no hospital e uma morre um ano depois. Apenas cinco se salvam" após um ano do evento, lembra o diretor da SOCESP. "A população têm fatores de risco cardiovascular, que aumentam as chances de apresentar ataque cardíaco e derrame, mesmo sem terem sintomas", conclui. A cartilha traz estudos revelando que: controlar o colesterol reduz o risco de um infarto em 49%; largar o tabaco diminui em 36%; controlar a pressão, em 18%; reduzir a obesidade abdominal, em 20%; e um dos fatores menos abordados, que é o estresse. "A prevenção e o melhor gerenciamento desse fator de risco pode reduzir em 33% a possibilidade de um evento cardiovascular", explica Avezum.
O "Guia Prático de Prevenção Cardiovascular", com cerca de 50 páginas técnicas, mas em linguagem didática e muito acessível, traz também testes simples, como o de Fagerström, que em cinco perguntas consegue detectar se a dependência de um fumante é moderada ou intensa. E indica um plano de ação para o paciente deixar o cigarro. "São informações práticas para auxiliar o médico no atendimento", diz o diretor da SOCESP.
No caso da hipertensão arterial, a cartilha traz orientações quando a medicação deve ser iniciada, mas também aponta recomendações essenciais, como perda de peso, dieta saudável, redução da ingestão de sal e atividade física. "O Guia é preciso em citar o quanto é possível reduzir a pressão com cada uma das recomendações".
Álvaro Avezum esclarece que o objetivo da cartilha é apontar os problemas, mas principalmente indicar as soluções. "Em poucos meses, a maioria das pessoas que seguirem as orientações médicas poderão ter o risco de apresentar doenças cardiovascular reduzido", prevê.
Fonte: ABN NEWS