A Sociedade Brasileira de Cardiologia está finalizando o consenso brasileiro que vai incluir o uso da hipotermia terapêutica no tratamento de pacientes que estão em parada cardíaca. O objetivo é evitar sequelas neurológicas.
A diretriz da Aliança Internacional dos Comitês de Ressuscitação (Ilcor) foi publicada em outubro do ano passado. Desde então, cardiologistas brasileiros estão preparando o documento que vai servir de guia para os hospitais do país. A publicação nacional ocorrerá em setembro.
A técnica consiste em resfriar a temperatura do paciente a 32ºC durante 24 horas - a temperatura média do corpo humano é de cerca de 36,5 ºC. O paciente recebe bolsas de gelo na região do pescoço, das axilas e do abdome, além de soro gelado na veia.
A temperatura é controlada por meio de um termômetro endovenoso para evitar erros. Não pode baixar mais do que 32ºC, senão o paciente corre risco de entrar em choque térmico. O aquecimento do corpo é feito espontaneamente, apenas retirando as bolsas de gelo.
Sérgio Timmerman, diretor do laboratório de treinamento em emergências cardiovasculares do Instituto do Coração (Incor) e responsável pelo texto do consenso, comenta o procedimento.
- Mais importante do que induzir a pessoa à hipotermia é manter a temperatura correta. Por isso é fundamental que as equipes sejam bem treinadas. Vamos publicar o consenso e isso requer educação continuada.
A partir da publicação do consenso, a hipotermia passará a ser oficialmente considerada mais uma arma terapêutica no tratamento desses pacientes.
O médico Agnaldo Pispico, diretor do Centro de Treinamento da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, diz que há um desafio pela frente.
- O maior desafio será encontrar formas de colocar isso em prática nos hospitais.
De acordo com Pispico, quando o paciente entra em parada cardíaca, o cérebro sofre por causa da falta de oxigênio. Estudos internacionais apontam que o frio provocado pela hipotermia reduz o metabolismo cerebral e evita o desgaste celular - o que diminui o risco de sequelas.
Em geral, cerca de 30% dos pacientes sobrevivem sem sequelas. Sem o uso da técnica, os resultados costumam ser bem piores: estima-se que entre 60% e 90% dos pacientes morrem logo após sofrer a parada. Dos que sobrevivem, cerca de 80% ficam com sequelas neurológicas graves.
FONTE: http://noticias.r7.com/saude