Pesquisa do Incor pode mudar exame para diagnóstico de doença coronariana obstrutiva
Segunda o estudo, coordenado pela universidade americana Johns Hopkins, a tomografia computadorizada é capaz de diagnosticar com mais precisão quais pacientes precisam de procedimentos invasivos, como a angioplastia
Atualmente, pacientes com dor torácica, mas sem diagnóstico de infarto, precisam fazer dois exames: o cateterismo, que identifica o grau de obstrução das artérias do coração, e a cintilografia com estresse, que avalia como está o fluxo sanguíneo na região obstruída. Por ser um procedimento invasivo, o cateterismo expõe o paciente a um maior risco de complicações, como perfuração de vasos sanguíneos. E a cintilografia representa exposição à radiação. Ambos os exames devem ser substituídos pela tomografia computadorizada de 320 cortes (TC 320), que produz imagens precisas do coração sem necessidade de cateterismo e com menor radiação (quando comparado ao TC 320, a cintilografia representa uma exposição 50% maior à radiação).
A eficácia do exame foi comprovada pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP (Incor), que participou do estudo internacional CORE320, validando a técnica para o diagnóstico de doença coronária. Segundo a pesquisa, coordenada pela Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, o exame TC 320 é capaz de diagnosticar com mais precisão quais pacientes precisam de procedimentos invasivos, como a angioplastia. O estudo foi apresentado nesta terça-feira durante o Congresso Europeu de Cardiologia, na Alemanha.
"É preciso decidir como o fluxo sanguíneo foi afetado antes de se decidir pelo tratamento", diz Carlos Rochitte, coordenador da pesquisa no Incor e primeiro autor do estudo. De acordo com o especialista, cerca de 60% das pessoas que passam pelo cateterismo não têm obstrução ou têm o problema em grau mínimo (o equivalente a até 49% do diâmetro do vaso). "Nessa condição, não é necessário um tratamento invasivo com angioplastia ou cirurgia de revascularização", diz Rochitte.
O TC 320 entraria, então, para substituir ambos os exames. Ele consegue prever com 89% de certeza quais pacientes não têm obstrução importante — e que não precisam ir para a mesa de cirurgia. O índice de acerto sobe para 93% quando o grupo de voluntários selecionados é de apenas pessoas que não têm histórico de doença coronária prévia.
Nos pacientes com obstruções graves, e que necessitem de intervenção cirúrgica, o TC 320 é mais eficiente em apontar a quantidade e os locais aonde estão instalados esses bloqueios nos vasos. Todos os voluntários serão acompanhados por mais cinco anos, para avaliação de possíveis eventos cardíacos como infarto, internações por problemas no coração e eventuais cirurgias cardíacas.
Saiba mais:
ANGIOPLASTIA
Procedimento realizado para desobstruir uma artéria. É colocado um balão de proporções minúsculas na ponta de um catéter. Esse balão é inflado dentro da artéria danificada, permitindo que o sangue volte a fluir. Em alguns casos, é usado ainda um stent para manter a artéria aberta.
TE 320
Detector de tomografia computadorizada de 320 cortes, que emite sinais de Raio-X e tem forma de arco. É ultrarrápido e, portanto, expõe menos o paciente à radiação. Ele 'fatia' em imagens um quadro completo do coração em apenas uma volta em torno do corpo.
FONTE:Veja.com