Uma pesquisa realizada por cientistas americanos revela que prolongar as técnicas de ressuscitação em pacientes que sofrem parada cardíaca reduz o risco de morte.
O estudo, feito pelas universidades de Washington e Michigan e publicado na revista "The Lancet", é um dos maiores do gênero e um dos primeiros a relacionar a duração dos esforços de ressuscitação às taxas de sobrevivência.
Entre os anos de 2000 e 2008, os pesquisadores identificaram 64.339 pacientes com parada cardíaca em 435 hospitais dos EUA, a partir de dados obtidos por meio da Associação Americana do Coração.
Os cientistas examinaram pacientes adultos em leitos comuns ou em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), excluindo aqueles em atendimento de emergência ou que sofreram parada cardíaca durante procedimentos médicos.
Ao examinar os dados, os autores descobriram que, enquanto a maioria dos pacientes foi ressuscitada após um período curto de tempo, cerca de 15% dos pacientes que sobreviveram à parada cardíaca precisaram de pelo menos 30 minutos para que o pulso voltasse.
Os pesquisadores também calcularam a duração média dos esforços de ressuscitação para os que não sobreviveram, na tentativa de medir também a taxa de sucesso de um hospital ao tentar ressuscitar um paciente por mais tempo.
Diferença de tempo
Uma das primeiras descobertas que chamaram a atenção dos médicos foi a variação na média de tempo dos esforços de ressuscitação entre os hospitais: de 16 minutos, para os que passavam menos tempo tentando salvar os pacientes, até 25 minutos.
O pesquisador que liderou o estudo, Zachary Goldberger, da Universidade de Washington, afirma que essa variação não é surpreendente, pois não há regras estabelecidas que determinem quando os médicos precisam parar os esforços.
"Nossas descobertas sugerem (que existe) uma oportunidade para melhorar o cuidado com essa população em alto risco. No geral, (a melhora) pode envolver a padronização do tempo exigido para continuar as tentativas de ressuscitação", disse.
O médico Brahmajee Nallamothu, professor associado da Universidade de Michigan e um dos autores do levantamento, afirmou que, inicialmente, os pesquisadores achavam que haviam descoberto que, em alguns casos, os esforços prolongados para ressuscitar pacientes eram em vão. Porém, ao concluírem o estudo, constataram que os minutos adicionais tiveram uma diferença positiva.
Os pacientes que ficaram mais tempo sob os cuidados de ressuscitação tinham chances de sobrevivência 12% maiores. Nallamothu e seus colegas também descobriram que a função neurológica não era afetada pela duração dos esforços de ressuscitação.
Jerry Nolan, consultor em anestesia no Hospital Ryoal United em Bath, na Grã-Bretanha, e membro do Conselho Britânico de Ressuscitação, afirmou que uma tentativa de ressuscitação que dura por volta de 30 minutos "será relativamente longa, mas não é tão incomum". Nesse caso, o paciente pode sobreviver sem danos cerebrais.
"Se a qualidade da ressuscitação cardiopulmonar é boa e há sangue e oxigênio suficientes passando para o cérebro, então, sim, as pessoas podem sobreviver e já vimos isso recentemente", disse o médico, em alusão ao caso do jogador de futebol Fabrice Muamba, que sobreviveu a uma parada cardíaca em campo que durou 78 minutos, em março de 2012, na Grã-Bretanha.
Fonte: G1
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